quarta-feira, julho 11

Nota de solidariedade à CIPLA/FLASKÔ (fabricas ocupadas)


Tirem as mãos das fábricas ocupadas!
Por uma rede de solidariedade a luta dos trabalhadores.
Atualmente a burguesia e o governo Lula vem realizando um intenso ataque em duas fábricas que estão ocupadas e produzindo sobre controle dos próprios trabalhadores há quase cinco anos, a CIPLA/Interfibras de Joinville-SC e a Flaskô de Sumaré-SP. No dia 31 de junho, cerca de 150 homens da Polícia Federal invadiram a CIPLA e a Interfibra com ordens judiciais e mandatos de prisão contra os dirigentes das fábricas, demitindo cerca de 100 operários, a começar pelos membros do Conselho de Fábrica eleitos em assembléia. Não tardou para que esta intervenção chegasse até a Flaskô. Estas ações fazem parte de uma ação reacionária por parte do governo Lula, aliado do capital e do imperialismo, para atacar os trabalhadores.
No caso da Flaskô, a intervenção foi mais escandalosa, pois os "paus-mandados" não tinham respaldo jurídico para intervir nesta fábrica. Mas como estas duas atuam conjuntamente, num sistema interligado de produção e comunicação, é fundamental para a patronal acabar com as duas fábricas de uma só vez. Entretanto, não foi tão fácil assim em Sumaré. No dia 20 de junho, logo após intervirem na fábrica demitindo três dirigentes, os trabalhadores reagiram paralisando a produção. No dia seguinte, os operários, em conjunto com outros movimentos e entidades que vieram prestar solidariedade à Flakô, expulsaram o interventor da fábrica. Este, então, partiu para a sabotagem, articulando com a CPFL, empresa privatizada que estava negociando as contas de energia atrasadas com a Flaskô, o corte de sua energia, que acabou acontecendo no dia 27 de junho às 17h55. O corte foi revertido, após uma ação judicial que obrigou a CPFL a religar a energia.
Na maioria dos casos, as ocupações de fábricas surgem como o último recurso dos trabalhadores para manterem os seus empregos. Trata-se de uma ação radical contra o capital, inadmissível nos marcos do regime burguês e da propriedade privada. Em todos os processos de ocupações de fábricas que aconteceram na história, o aparato burguês se mobilizou para destruí-las: da patronal e suas entidades, passando pela polícia e a justiça, até os governos. Necessitam de todos estes recursos porque sabem que uma ocupação de fábrica é uma experiência que os trabalhadores não podem adquirir: aprendem a gestionar a fábrica e descobrem que não necessitam do patrão; aprendem que podem racionalizar a produção de uma fábrica, e concluem que também podem planificar a economia nacional; e que se podem controlar uma fábrica, podem controlar um país; ou seja, experimentam a concretude da construção uma sociedade sem dominação capitalista e sem classes.
O governo Lula necessita acabar com estas ocupações, assim como os cada vez mais freqüentes processos de luta da classe operária, pois precisa cumprir seus compromissos com a burguesia e o imperialismo, abrindo espaço para que estes lucrem mais pela exploração. Somente atacando os trabalhadores, como é o caso da restrição ao direito de greve, conseguirá implementar de forma "tranquila" as reformas neoliberais (trabalhista, sindical, previdenciária) . Qualquer luta dos trabalhadores que venha no sentido contrário, é uma ameaça a estes projetos.
Estes ataques não se dão apenas no Brasil, no entanto, mas em todo o mundo. Na Venezuela, o governo de Hugo Chavez, que para muitos lutadores é um governo na América Latina à esquerda de Lula e que se iludem com o discurso de socialismo do século XXI, reprimiu com a polícia e a Guarda Nacional os trabalhadores da fábrica ocupada Sanitários de Maracay no dia 24 de abril, quando estes faziam uma marcha pela estatização da fábrica sob controle operário. Chavez precisou reprimir, pois sabe que esta reivindicação é contrária a sua atual política de semi-nacionalizaçã o com indenização aos patrões. Como resposta, os trabalhadores e trabalhadoras da região organizaram uma importante paralisação operária regional de mais de cem fábricas no dia 21 de maio, em solidariedade a esta importante luta e contra a repressão. Este é um exemplo de solidariedade operária que devemos seguir no Brasil. O Sindicato dos Químicos de Campinas, que representa o segundo ramo mais importante da produção industrial da região, que atualmente é dirigido por um setor do PSOL, deveria organizar uma grande campanha em defesa da Flaskô e organizar uma paralisação da produção em diversas fábricas da categoria caso a Flaskô seja atacada mais uma vez.
Nós, do Movimento A Plenos Pulmões, que lutamos em cada universidade por um movimento estudantil aliado aos trabalhadores, queremos organizar uma rede de solidariedade a Flaskô contra a intervenção e a repressão. Achamos que devemos seguir o exemplo dos companheiros estudantes de Neuquén (Argentina), da Universidade de Comahue, que se ligaram aos trabalhadores da fábrica Zanon, quando esta foi ocupada e colocada sob controle operário em 2002. Achamos que os estudantes podem cumprir um papel importante nesta luta, não apenas estando ombro a ombro nos piquetes contra a intervenção, mas também disponibilizando os recursos e o conhecimento da universidade a serviço da manutenção e expansão das fábricas ocupadas sob controle operário e de todas as lutas operárias.
- Nenhuma intervenção contra a Flaskô;
- Fora interventores da CIPLA;
- Nenhuma repressão aos lutadores da CIPLA e Flaskô;
- Que os Sindicatos da região de Campinas organizem uma rede ativa de solidariedade à Flaskô;
- Que a CUT, Força Sindical, Conlutas e Intersindical organizem uma campanha nacional em defesa das fábricas ocupadas do Brasil, Venezuela e Argentina;
- Pela estatização sem indenização de todas as fabricas ocupadas sob controle operário.
Movimento A Plenos Pulmões

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