quinta-feira, março 8

MST ocupa o prédio do BNDES

MST promete resistir diante do BNDES, no Rio de Janeiro

07/03/2007

"Só saímos quando o presidente nos receber". A voz geral no ato da Via Campesina e do MST ecoa pelo saguão da sede do BNDES, no Rio de Janeiro. As camponesas denunciam as agressões ao meio ambiente provocadas por empresas financiadas com recursos do BNDES e pedem investimentos nas áreas de Reforma Agrária e na agricultura familiar.

As cerca de 100 mulheres chegaram ao banco por volta das 11h30 e prometem resistir no local até serem recebidas. O presidente Demian Fiocca, que está no prédio, não quer receber as trabalhadoras rurais e negocia para que o diretor da Área Social do banco, Élvio Gaspar, converse com as Sem Terra.

O BNDES já aplicou R$ 6,86 bilhões no setor de papel e celulose entre 1985 e 2005 e pretende ampliar os repasses para R$11,6 bilhões até 2010. Já a área de biocombustíveis já garantiu R$ 3,3 bilhões e deve ter mais R$ 10 bilhões nos próximos três anos. Já a agricultura familiar não recebe investimentos do banco.

Em 2005, por ocasião da Marcha Nacional pela Reforma Agrária – que reuniu 12 mil pessoas em Brasília – o governo prometeu liberar R$10 milhões em financiamentos do banco e não cumpriu. Os Sem Terra querem que o acordo firmado seja cumprido e que sejam abertas linhas de financiamento desburocratizadas para o público da Reforma Agrária, essencialmente produtores de alimentos saudáveis para o mercado interno.

As mulheres do MST lembram que o agronegócio adota a monocultura em grandes extensões de terra que acabam com a biodiversidade e ainda exploram os trabalhadores. A ação é apoiada pela OAB-RJ, pelo Sindipetro, pela Associação dos Funcionários do BNDES, pela CAMTRA e por estudantes.

 

Carta Aberta à Sociedade [Sobre a ocupação no BNDES RJ]

07/03/2007

MULHERES SEM TERRA NA LUTA PELA VIDA

Por investimentos nos assentamentos da Reforma Agrária e na agricultura familiar!


Nós, Mulheres da Via Campesina e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, queremos defender a vida. Exigimos, além da terra, o respeito ao meio ambiente, à biodiversidade, à educação, à saúde e à alimentação. Nessa luta, enfrentamos um poderoso inimigo: o modelo de exploração baseado no agronegócio financiado por bancos públicos, em especial o Banco do Brasil e o BNDES. Por isso, ocupamos este prédio para que este banco se volte para a agricultura familiar.

Associadas ao capital financeiro, as empresas multinacionais se aliam a grandes produtores rurais para trazer fome, devastação e desemprego. Enquanto isso, o presidente dos EUA vem ao Brasil negociar um acordo comercial para garantir fornecimento de álcool combustível a baixos custos para seu país, o que vai ampliar os investimentos que já vem sendo feitos pelo BNDES no setor sucroalcoleiro. Isso aumentará a área plantada com cana, ocupando terras que se destinariam à produção de alimentos pela agricultura familiar.

Em 2005 e 2006, o BNDES desembolsou R$ 3,3 bilhões para projetos de plantio de cana e construção de usinas. Até 2012, o banco pretende liberar R$ 10 bilhões para o setor. Para comparar, no ano passado, o governo federal aplicou o mesmo valor na agricultura familiar. Já o agronegócio recebeu R$ 50 bilhões. Cinco vezes mais!

Estas empresas arrasam imensas extensões de terra para plantar uma só cultura, expulsam a população do campo para as cidades já inchadas, geram desemprego ao adotar tecnologia excludente nas plantações em grande escala e aumentam a exploração dos trabalhadores, inclusive por meio do trabalho escravo.

Sem falar nos danos irrecuperáveis aos recursos naturais seja pela utilização indiscriminada de agrotóxicos, seja pelas queimadas pré-colheita. já que a poluição nessa época atinge níveis maiores do que no centro de São Paulo, com graves riscos à saúde da população, já que liberam os principais gases causadores do efeito estufa.

O modelo agropecuário exportador baseado na destruição da natureza e subsidiado pelo Estado é uma agressão contra nossa população, mas vem sendo financiado por nosso dinheiro.

A agricultura familiar e os assentamentos da Reforma Agrária, por outro lado, detém apenas 27% das terras e respondem por 38% da produção e comercialização de alimentos em nosso país e empregam 80% da força de trabalho no meio rural.

Nós, Mulheres Sem Terra, denunciamos a expansão deste modelo agrícola baseado na monocultura concentradora de terra e renda, destruidora do meio ambiente, responsável pelo trabalho escravo e pela superexploração de mão de obra.

A superação do atual modelo passa pela realização da Reforma Agrária ampla que elimine o latifúndio. Queremos construir um novo modelo baseado na agricultura camponesa e na agroecologia, com produção diversificada priorizando o mercado interno.

Estamos lutando por crédito subsidiado voltado para a produção de alimentos. Nosso principal objetivo é garantir a soberania alimentar, pois a expansão do agronegócio e da produção de etanol só vai agravar a situação de fome.

Não podemos manter os tanques cheios e as barrigas vazias!

MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Via Campesina
 

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